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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer morre aos 104 anos



quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Arquiteto comunista Oscar Niemeyer morre aos 104 anos

Após 34 dias de internação, Oscar Niemeyer morreu hoje aos 104 anos, às 21h55. De acordo com a equipe médica do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde o arquiteto encontrava-se desde o dia 2 de novembro, ele veio a falecer em decorrência de uma infecção respiratória.
Há dias, Niemeyer, que em 15 de dezembro completaria 105 anos, vinha sendo submetido à hemodiálise e à fisioterapia respiratória. Ainda de acordo com a equipe médica, só perdeu a lucidez hoje pela manhã, quando foi sedado após a infecção foi constatada.
Leia abaixo entrevista exclusiva de 2005 que Niemeyer, à época com 97 anos, deu ao Brasil de Fato:


Lula podia ter feito mais, diz Niemeyer
João Alexandre Peschanski e Taís Peyneau
do Rio de Janeiro (RJ)
Sentado, em seu escritório em Copacabana, no Rio de Janeiro, Oscar Niemeyer balança a cabeça. “Cansamos de esperar as reformas que Lula prometia”, diz, comentando a crise do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT). Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o arquiteto revela que nunca teve ilusões em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, segundo ele, chegou ao poder “cheio de ânimo”, mas sem um projeto para mudar radicalmente o Brasil.
Esboça um sorriso. Mantém-se otimista, pois “Lênin já dizia que sem sonhar as coisas não acontecem”. Segundo ele, Lula ainda pode “virar a mesa” e implementar ações efetivas contra a pobreza. Para tanto, sugere, deve tomar exemplo nos presidentes cubano e venezuelano, Fidel Castro e Hugo Chávez.
Segundo Niemeyer, mais do que nunca é preciso voltar-se à luta por mudanças radicais. Diante da possibilidade de transformar o mundo, outras atividades – até mesmo a arquitetura – perdem importância. Diz isso e caminha para a sala. Nas paredes, frases que escreveu. “Revolução”, “Terra para todos”, “Por um mundo melhor”. Ao lado, nas mesmas paredes, rascunhos e desenhos de suas obras.
Brasil de Fato – Apesar da queda do muro de Berlim, da dissolução da União Soviética e, agora, da crise do PT, o senhor continua a ser comunista. De onde encontra motivação?
Oscar Niemeyer – Deste mundo de pobres que nos cerca e até hoje espera por uma vida melhor.
BF – O comunismo é a solução?
Niemeyer – O comunismo resolve o problema da vida. Faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.
BF – Como se constrói, no ideário popular, uma visão positiva do comunismo – termo que parece estar bastante desgastado desde a derrocada da União Soviética?
Niemeyer – A Revolução Russa de 1917 fez de um país de mujiques a segunda potência mundial. Foi fantástico. Setenta anos de glória e a vitória definitiva contra o nazismo. Não podemos esquecê-la. Sabemos que é o caminho a seguir.
BF – No Brasil, a crise que afeta o PT e Lula enfraquece a luta pelo comunismo?
Niemeyer – Não, ao contrário. A situação se faz tão difícil e degradada que um dia só a
revolução resolverá os nossos problemas. Quando houve a eleição do Lula, declarei que
meus candidatos seriam ou João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ou Leonel Brizola, exgovernador do Rio de Janeiro. Esses homens são de luta. Lula é um ex-operário, cheio de ânimo, mas nunca foi comunista. Seu projeto era melhorar o capitalismo, o que é um objetivo impossível, a meu ver. Minha posição é que precisamos de um presidente que tenha a força de virar a mesa e realizar mudanças radicais, como Castro e Chávez.
BF – Qual o impacto da crise na esquerda?
Niemeyer – Cansamos de esperar as reformas que Lula prometia. Para nós ele deveria se ligar à esquerda do PT e cumprir as promessas que fez ao povo. Seria a sua última oportunidade.
BF – Lula tem força e, principalmente, vontade para uma mudança radical?
Niemeyer – Tinha. Mas para mantê-la ele teria que se ligar ao povo, apoiar com maior vigor a reforma agrária, o MST, o movimento mais importante que existe em nosso país. Deveria ser menos gentil com os donos do dinheiro, inclusive com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, um cretino que não devia existir.
BF – O que deu errado no PT?
Niemeyer – Um partido de esquerda que se enfraquece esquecendo as suas origens... Até o MST, um movimento que Stedile lidera tão bem, não teve do governo atual o apoio que deveria ter. Sobre tudo isso escrevi num artigo comentando como é difícil mudar este mundo coberto de miséria e discriminação.
BF – Nesse artigo, o senhor disse que era preciso ser otimista. Continua com essa opinião?
Niemeyer – Sim. Lênin já dizia que sem sonhar as coisas não acontecem.
BF – O senhor concilia arquitetura e comunismo, que parecem distantes...
Niemeyer – A vida é mais importante do que a arquitetura. A arquitetura não muda nada, mas a vida pode mudar a arquitetura.
BF – O que é uma arquitetura mais igualitária?
Niemeyer – Aquela que a todos atende sem discriminação. Vou esclarecer a vocês meu ponto de vista. Quando o governo decide fazer uma escola perto das favelas, a idéia é sempre fazer algo mais pobre. Isto é errado. Recentemente, projetei uma biblioteca e um teatro em Caxias. Fiz como se fosse para Copacabana, o projeto mais audacioso possível. Não pode haver discriminação. Quando Brizola fez os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), vimos que os meninos entravam nos prédios com orgulho, imaginando, na sua inocência, que os tempos iam mudar e eles poderiam começar a usufruir o que antes só às crianças mais ricas era permitido.
BF – A arquitetura está muito vinculada ao urbano. É possível pensá-la para os camponeses?
Niemeyer – A arquitetura obedece sempre a um programa e, no caso, seria diferente, voltada para a vida dos homens do campo.
BF – Se pudesse voltar no tempo, o senhor participaria, de novo, da construção de Brasília?
Niemeyer – Não sei. Brasília foi uma aventura, parecia o fim do mundo. E não eram poucos os problemas que ocorriam naquela época. Lembro que, logo nos inícios de Brasília, fui chamado à polícia política. Avisei ao presidente, que, homem de centro que era, me advertiu: “Você não pode ir. Tiram o seu retrato, e eu não poderei mais recebê-lo no Palácio.” Mas o meu amigo logo se recuperou, telefonando para o general Amaury Kruel: “O Niemeyer não pode ir. É meu elemento-chave em Brasília.”
BF – O senhor foi à política política?
Niemeyer – Mais duas vezes. Numa delas, só para ser “escrachado”, como se diz, isto é, ir de mesa em mesa, apresentando-se aos policiais de plantão. Na outra vez, quando voltei ao Brasil, lembro que fui levado para uma sala acolchoada, onde um policial me fazia as perguntas que um crioulinho batia à máquina. Recordo a última pergunta: “O que vocês comunistas pretendem?” “Mudar a sociedade”, respondi. E o policial disse ao rapaz: “Escreve aí: mudar a sociedade”. E o crioulinho riu, dizendo para mim: “Vai ser difícil”. 
BF – Muitas vezes, o senhor foi criticado porque Brasília é muito vazia. No entanto, sempre que desenhou a cidade, enchia-a de gente. A cidade saiu como o senhor queria?
Niemeyer – Ao contrário, hoje Brasília tem gente demais. Até o tráfego começa a ficar difícil.
BF – Setores da direita e esquerda discutem o impeachment do Lula. No geral, rejeitam a hipótese. O que o senhor acha disso?
Niemeyer – É péssimo. Os que são contra o Lula são muito piores.
BF – Se o presidente realmente estivesse ameaçado de ser derrubado, o senhor acha que as pessoas sairiam às ruas para defendê-lo?
Niemeyer – Depende dele. Depende dele.
BF – O que isso quer dizer?
Niemeyer – Que ele tem que agir, apelar para as bases. Ele prometeu muita coisa e, para acabar seu governo como um homem digno, de pé, precisa cumprir as promessas.
BF – O que aprendemos com a tomada do poder por Lula e com a crise que o assola?
Niemeyer – Um aprendizado muito duro... É que infelizmente falta conhecimento político ao nosso povo para decidir coisas dessa natureza. Sempre reclamamos não serem levados à juventude os problemas da vida e do ser humano, cuja compreensão deve fazer parte de sua formação. Cada um sai da escola apenas interessado nos problemas de sua profissão.
BF – O que quer a direita?
Niemeyer – Manter este clima de poder, de injustiça social e de subserviência ao império norte-americano.
BF – Dizem geralmente que quem controla o mundo é o Bush.
Niemeyer – O Bush, no fundo, é um idiota que tem as armas na mão e delas se serve para levar o terror às áreas mais desprotegidas. Representa o capitalismo, que, decadente, tudo faz para subsistir.
BF – Na arquitetura, o senhor está trabalhando em algum projeto que traduza sua visão atual do Brasil e do mundo?
Niemeyer – Se eu fosse jovem, em vez de fazer arquitetura, gostaria de estar na rua protestando contra este mundo de merda em que vivemos. Mas, se isso não é possível, limito-me a reclamar o mundo mais justo que desejamos, com os homens iguais, de mãos dadas, vivendo dignamente esta vida curta e sem perspectivas que o destino lhes impõe.
BF – A arquitetura não tem função social?
Niemeyer – Deveria ter. Mas, quando ela é bonita e diferente, proporciona pelo menos aos pobres e ricos um momento de surpresa e admiração. Mas quanto lero-lero! Na verdade, o que nós queremos é a revolução.
Quem é - Nascido em 1907, Oscar Niemeyer Soares Filho é arquiteto e militante comunista. Formou-se em 1934 na Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Onze anos
depois, ingressou no Partido Comunista Brasileiro. Manteve a militância durante toda a vida. Entre seus principais projetos estão o desenho da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), o Parque do Ibirapuera em São Paulo (SP) e, principalmente, a construção de Brasília, onde foi responsável pelos projetos do Palácio da Alvorada, do Congresso Nacional e da Catedral
Glossário
Mujique – Nome dado aos camponeses russos que viviam em regime feudal. O governo
revolucionário, instaurado em 1917, após a Revolução de Outubro, implementou diversas políticas para melhorar as condições dos trabalhadores, especialmente os rurais.
Cieps (Centros Integrados de Educação Pública) – Idealizados por Brizola, em 1983, e projetados por Niemeyer, são escolas de período integral. Atendem em média 1.000 crianças por dia, oferecendo, além de aulas, atividades culturais, esportivas e lazer. Há 500 unidades em funcionamento, geralmente instaladas em áreas pobres do Estado.

Ataque que matou cacique Nizio Gomes no MS teve planejamento minucioso, segundo MPF

DENÚNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CONTRA 19 PESSOAS REVELA OS DETALHES DA AÇÃO CRIMINOSA, ENCOMENDADA POR FAZENDEIROS E EXECUTADA POR EMPRESA DE SEGURANÇA.

A reportagem é de Verena Glass e publicada pela Agência Repórter Brasil, 01-12-2012.

O assassinato do cacique guarani kaiowá Nizio Gomes em 18 de novembro de 2011, no acampamento da retomada do Tekoha Guaiviry, localizado nos municípios de Aral Moreira (MS) e Ponta Porã (MS), no Cone Sul do Estado, foi um crime que chocou o país e teve grande repercussão nacional e internacional. Agora, dez dias antes do aniversário de um ano do assassinato de Nizio, o processo contra os 19 acusados de planejar e executar o crime deixou de correr em segredo de justiça. 

Públicas desde o dia 8 de novembro, as investigações e a conseqüente denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contam uma história digna de romance policial, com relatos de suborno, acenos ligados à disputa do poder político (promessa de apoio à eleição de um amigo da vítima ao cargo de vereador), planejamento minucioso do crime na calada da noite, delação da amante do dono da empresa envolvida no assassinato, entre outros.

Documentos públicos fundamentados em depoimentos e investigações revelam que a trama que levou à morte de Nizio começou pouco após a retomada de um pequeno trecho da Fazenda Nova Aurora pelos kaiowá de Guaiviry, em 1° de novembro de 2011. Vizinhos da área, os réus Idelfino Maganha (dono das Fazendas Querência, Cachoeirinha e Figueira), Claudio Adelino Gali (dono das Fazendas Sonho Mágico e Arueira) e Samuel Peloi (dono da Fazenda Dois Irmãos), além do presidente do sindicato rural e Secretário Municipal de Obras de Aral Moreira (MS), Osvin Mittanck, e dos advogados Levi Palma e Dieter Michael Seyboth (este último, genro do fazendeiro Maganha) começaram a discutir formas para retirar os indígenas da área. Foram aventadas três possibilidades: convencer o grupo a sair mediante o oferecimento de dinheiro; pedir reintegração de posse na Justiça; ou contratar uma empresa de segurança privada armada para promover a expulsão violenta.

Primeiro de tudo, porém, havia a necessidade de sondar o acampamento. Para isso, Osvin apresentou ao grupo o indígena Dilo, conhecido do cacique Nizio Gomes. A missão atribuída a Dilo foi a de levantar o número de acampados em Guaiviry e verificar se o Nizio sairia em troca de pagamento. Dilo foi três vezes ao acampamento, mas o cacique permanecia firme: a terra pertenceu aos seus ancestrais, e lá o grupo ficaria.

Entrementes, os fazendeiros contataram a empresa de segurança Gaspem (conhecida no Estado por suas ações violentas contra acampamentos indígenas), comandada pelo policial militar aposentado Aurelino Arce. Com o fracasso das tentativas de suborno, o grupo decidiu, segundo consta na denúncia do MPF acatada pelo Judiciário, pela contratação dos pistoleiros.

Um dia antes, o advogado Levi Palma e o dono da Gaspem teriam acertado os detalhes da ação. Aurelino Arce acionara, então, seus homens - os réus Josivam Vieira de Oliveira (vigilante), Jerri Adriano Pereira Benites (aposentado), Wesley Alves Jardim (ajudante de pedreiro), Juarez Rocanski (vendedor ambulante), Edimar Alves dos Reis (vigilante), Nilson da Silva Braga (vigilante), Ricardo Alessandro Severino do Nascimento (vigilante e gerente da Gaspem), André Pereira dos Santos (vigilante), Robson Neres do Araújo, Marcelo Benitez e Eugenio Benito Penzo -, enquanto Levi cuidou da logística e reuniu, junto aos fazendeiros locais, as armas para o ataque.

Por volta das 22h do dia 17, o grupo de Aurelino chegou à Fazenda Maranata, onde foi recebido pelo fazendeiro Samuel Peloi, que lhes ofereceu um jantar. Após a refeição, já na madrugada do dia 18, Cláudio Adelino Gali, Aparecido Sanches (seu braço direito e capataz em sua fazenda), Samuel Peloi, Levi Palma e os 12 integrantes da Gaspem fecharam os detalhes do ataque. Conforme testemunhas, os fazendeiros repassaram as armas de fogo (ao menos seis, do tipo calibre 12). Decidiu-se o horário da ação e a logística de carros.

O ataque

O ataque ao acampamento foi perpetrado pelos jagunços Josivan, Jerri Adriano, Wesley, Juarez, Edimar, Nilson, Ricardo Alessandro, Robson e Marcelo Benitez, de acordo com as investigações que sustentam a denúncia.

Ao chegarem na trilha que dá acesso ao interior do acampamento de Guaviry, os homens da Gaspem abordaram aos gritos o cacique Nízio Gomes que, assustado, reagiu e acertou o pé direito de Josivan com uma machadinha. Neste momento, começa o tiroteio. Com um tiro sub-axilar, Jerri Adriano mata Nizio. Seu neto, Jhonaton Gomes, de 15 anos, apesar de também ferido, tenta carregar o corpo do avô, mas quando vê os pistoleiros se aproximarem, foge para o mato. Segundo testemunhas, Jerri vai até a vítima, chuta sua cabeça e diz: "esses índios mesmo mortos ainda nos dão trabalho".

A seguir, Robson, Juarez, Edimar, Jerri e Wesley carregam o corpo para fora da mata e colocam-no em uma das duas caminhonetes S-10 que foram utilizadas para acompanhar e dar suporte à ação. O veículo que transportou o corpo do indígena foi conduzido por Aparecido Sanches (funcionário do fazendeiro Cláudio Gali), que estava com outras duas pessoas (ainda não identificadas). 

Após desaparecer com o corpo de Nizio, o consórcio de fazendeiros montou uma estratégia para dificultar as investigações. Dois dias depois do crime, Osvin Mittanck, Samuel Peloi e Idelfino Maganha se reuniram com o índio Dilo na sede do Sindicato Rural de Aral Moreira. Em troca de dinheiro, pagamento de advogado e apoio à sua candidatura a vereador nas eleições de 2012, Dilo deveria dizer à Polícia Federal (PF) que Nizio estava vivo, escondido em uma aldeia no Paraguai. Pelas mentiras à PF, Dilo recebeu cerca de R$ 2,3 mil dos fazendeiros, apurou a investigação; e concluiu: "o grupo de fazendeiros não poupou esforços para corromper a citada testemunha".

Confirmação da morte

A farsa montada pelos mandantes do assassinato de Nizio não durou muito. Uma das testemunhas-chave no processo foi Tatiane Michele da Silva, de 20 anos. Amante do dono da Gaspem, Aurelino Arce,Tatiane disse à PF que presenciou o momento em que Josivan, Juarez, Jerri e Wesley informaram a Aurelino que teriam matado um indígena durante a ação, e que o corpo já estava longe.

Depois das infrutíferas buscas por Nizio no Paraguai, Dilo acabou confessando o esquema de mentiras, tornando-se outra testemunha-chave do processo. Por outro lado, de acordo com a perícia, análises de sangue coletado no local do crime não deixaram dúvidas de que Nizio foi baleado e morto. "A despeito da não localização do corpo ou dos restos mortais, a prova técnica e testemunhal produzidas nestes autos retratam uma miríade de provas e indícios que permitem concluir pela materialidade do delito de homicídio qualificado ora denunciado", sustentou a investigação.

Segundo o MPF, dos 19 acusados - Claudio Adelino Gali (fazendeiro), Levi Palma (advogado), Aparecido Sanches (tratorista, homem de confiança de Cláudio Gali e capataz de sua propriedade rural Sonho Mágico), Samuel Peloi (fazendeiro), Idelfino Maganha (fazendeiro), Dieter Michael Seyboth (advogado e genro de Idelfino Maganha), Osvin Mittanck (presidente do Sindicato Rural e Secretário de Obras de Aral Moreira/MS), Aurelino Arce (PM aposentado, proprietário da Gaspem Segurança Ltda), Josivam Vieira de Oliveira (vigilante, agente executor), Jerri Adriano Pereira Benites (aposentado, agente executor), Wesley Alves Jardim (ajudante de pedreiro, agente executor), Juarez Rocanski (vendedor ambulante, agente executor), Edimar Alves dos Reis (vigilante, agente executor), Nilson da Silva Braga(vigilante, agente executor), Ricardo Alessandro Severino do Nascimento (vigilante, gerente da Gaspem Segurança), André Pereira dos Santos (vigilante, executor), Robson Neres do Araújo, agente executor, Marcelo Benitez, agente executor, e Eugenio Benito Penzo, motorista -, três responderiam pelo homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação de cadáver, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de testemunha; quatro, por homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação de cadáver e porte ilegal de arma de fogo; e 12, por homicídio qualificado, lesão corporal, formação de quadrilha ou bando armado, e porte ilegal de arma de fogo.

O caso corre agora na Justiça Federal de Ponta Porã (processo 0001927-86.2012.4.03.6005). Já durante o inquérito, a PF havia pedido a prisão preventiva de 18 investigados, dos quais sete continuam detidos. Os acusados foram citados para que apresentem suas respectivas defesas.

Demarcação é reivindicação antiga

A área indígena Guaiviry vem sendo reivindicada pelos Guarani-kaiowá desde 2004. De acordo com as lideranças, a área teria sido demarcada como indígena ainda no século XIX, mas na década de 1910, com a criação da Terra Indígena Amambaí pelo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), a população de Guaiviry foi transferida para lá e a área anteriormente ocupada, considerada terra devoluta. Segundo o MPF, “a demarcação da terra indígena Guaiviry é conhecido pleito dos Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul. 

Foi objeto, inclusive, de Termo de Ajustamento de Conduta – TAC celebrado entre o Ministério Público Federal e a Funai em 12/11/2007, a fim de que a autarquia indigenista enfim promovesse os tão aguardados estudos de identificação e delimitação pertinentes, nos termos da legislação em vigor. Importante ressaltar que o indígena Nízio Gomes figurou como testemunha daquele instrumento jurídico, evidenciando sua importância na luta pelo reconhecimento das terras tradicionais da comunidade Guaiviry”. Até o momento, o estudo da área pela Fundação Nacional do Índio (Funai), ligada ao Ministério da Justiça (MJ), não foi finalizado.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pois é a reforma agrária andou. Para trás....


Segunda-feira, 03 de dezembro de 2012

*Por Marcel Farah

O modelo de desenvolvimento desta coalizão governamental é desenvolvimentista conservador. O PT é o que ainda segura a coalizão governamental do descarrilhamento total para a direita, e por isso precisa de uma posição hegemônica dentro do governo. Isso é evidenciado pela disposição da base governista de combater o PT nas eleições de 2012.

A esquerda petista é representada por grupos referenciados pelos movimentos sociais, identificados com o socialismo e defensores de uma estratégia democrática popular baseada em um desenvolvimento com reformas de base que permitam construirmos uma correlação de forças favorável á superação do capitalismo e suas relações sociais.

O ano de 2013 será ano de eleição interna no PT. Ocorrerá no final do segundo semestre o famoso Programa de Eleições Diretas.

Oportunidade única para retomar o diálogo institucional sobre a necessidade estratégica de construção do socialismo a partir de uma programa de reformas estruturais, dentre as quais a reforma agrária, e retomá-la como pauta central do Governo a partir da atuação do PT como um todo em direção à superação das amarras da governabilidade institucional da qual depende o governo e usa como desculpa para emperrar as reformas.

Além de fortalecer a luta dos movimentos sociais populares e da classe trabalhadora em geral temos que, a partir do trabalho de base, fazer atividades de formação que aprofundem nosso conhecimento da realidade e nossa capacidade de análise sobre o momento em que vive o capitalismo brasileiro e mundial, e aumentem a capacidade de organização popular a partir de uma estratégia que unifique as diversas forças sociais, mas que vá sendo construída na luta e na reflexão.

Não podemos nos pautar por estratégias pré-ideologizadas e que desunifiquem pelo sectarismo de alguns setores que se reivindicam mais de esquerda do que outros e busquem soluções ditas radicais que levem ao precipício, como a ideia de rompimento com o Governo Federal.

Esta saída, espetacular, permitiria a consolidação da hegemonia conservadora hoje sem representação partidária em nossa sociedade, mas com representação na mídia e outros setores conservadores cujo um dos bons exemplos foram as reações que tiveram ao PNDH3 (agronegócio, igreja, milicos etc).

Neste caso teríamos novamente partidos reivindicando a representação destes setores e do próprio Governo frente a um PT, que neste caso perderia sua base social, enfraquecido.

A saída que vejo neste cenário é a construção das bases para retomada de um processo de enfrentamento do conservadorismo via estratégia de conscientização e reconstrução de uma estratégia de esquerda, separando o que é e o que representa a direita hoje na sociedade e no estado como um todo, legislativo, judiciário e executivo.

Afinal com Joaquim Barbosas e Silas Malafaias, se acabamos com o pouco que temos de poder estatal no executivo, estamos entregando, de mão beijada, todo o ouro ao bandido e assumindo que lutaremos apenas com pedras e paus contra poderosas metralhadoras de opinião conservadora, tanques de belas leis que retiram direitos e jatos de desconsideração da existência de movimentos sociais por parte de um executivo novamente conservador, como o fora em tempos neoliberais plenos.

Lutemos pela reforma agrária popular. Lutemos pela disputa do PT. Lutemos pelo giro do governo à esquerda apoiado em amplas e fortalecidas bases sociais.

Marcel Farah
(Rede de Educação Cidadã).

http://recid-go.blogspot.com.br/2012/12/pois-e-reforma-agraria-andou-para-tras.html

O Grupo de Capoeira Cordão de Ouro de jardim em Parceria com a Prefeitura Municipal de Jardim - MS e Rede de Educação Cidadã (RECID-MS)

"A 1ª RODA É BOA!"

Evento com propósito pedagógico de debater a lei 10.639 e a educação em Mato Grosso do Sul, dando enfoque no genocídio da juventude negra.

08 à 09 de Dezembro 2012
Local: ESCOLA MUNICIPAL OSVALDO FERNANDES MONTEIRO

PROGRAMAÇÃO:

08/12/12 às 08h - Sábado
Mistica de Abertura
10h - Palestra sobre a Lei: 10.639 e Educação
Genocídio da juventude negra - Facilitadora Romilda Pizani (MS)

11h30 - Almoço

13h30 - Oficinas com a Rede Cidadã - MS
Oficina de Comunicação - Facilitadora Fernanda Kunzler (MS)
Oficina do Teatro do Oprimido - Facilitador Paulo Matoso (MS)
Oficina de Percussão Materiais Reciclados - Facilitador CMestre Pernambuco - (MS)
Oficina de Capoeira - Facilitador - CMestre Igor Gaiola (SP)

18h- Jantar

19h - Roda de Capoeira Angola
Facilitador - Mestre Pequeno (MS)
20h30- Exames de Graduação
Facilitador - Mestre Irani Martins - (RN)

09/12/12 às 8h- Domingo
08h – Roda com os convidados
Batizados Troca de Graduação e Formaturas
11h - almoço e encerramento com entrega dos certificados

O evento contará com a presença do Mestres Pula Pula (RN)

Obs: Você é nosso convidado/a especial.

Desde já contamos com sua participação.

Organização: Prof. Cleyton Cachorrão e Nei Alvez
Fones: 067-9641-7276 (cachorrão) e 9950-9998 (Nei Alvez)
Direção: Mestre Pernambuco
Supervisão: Mestre Irani Martins

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Artigo: Reforma Agrária

"Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha." 
Parativa do Assaré
*Por Pedro Ferreira



Terminaremos 2012 novamente como um dos piores anos das ultimas décadas no processo da política de assentamento de novas famílias por parte do governo federal. Por outro lado vemos um crescimento do agronegócio não apenas através do apoio econômico do governo federal como também através de leis que flexibilizam as leis trabalhista no campo, que afrouxou na punição de crimes ambientais, que possibilita a usurpação dos territórios indígenas entre outros. Pois foi nesse sentido que foi aprovado o novo código florestal e a portaria 303 que permite a remarcação das terras indígenas e outras tantas derrotas que sofremos no congresso nacional por parte da bancada ruralista e do governo Dilma. Militantes dos movimentos de luta pela terra afirmam que vivemos em um período de reformas de base em favorecimento ao agronegócio.

Nos últimos anos tenho participado ativamente de ocupações, marchas entre outras mobilizações dos movimentos campesinos de luta pela terra em Goiás e no Brasil, bem como participando dos espaços de articulação política. Há alguns anos temos feito a analise do abandono por parte do PT e dos governos liderado por esse partido, do abandono da reforma agrária. Nesse sentido construímos varias ações conjuntas no sentido de fortalecer a luta pela terra, ou no mínimo manter a chama acesa.

O fato da maioria dos movimentos camponeses terem uma relação histórica com o PT fez com que nos últimos anos suas direções (cooptadas) recuassem nas ocupações e pressões mais aguda ao governo federal. Por outro lado sem vitórias concretas, formação e trabalho de base os movimentos perderam boa parte de suas bases que preferiram irem para as cidades atraídas pelo crescimento da oferta de trabalho (precarizado), políticas compensatórias e o mercado de consumo (endividamento).

O encontro unitário dos povos do campo realizado no mês de agosto em Brasília foi um avanço no processo de construção de unidade das organizações que atuam no campo, não só camponesa, como também os indígenas, quilombolas e ribeirinhos. E um exemplo do potencial revolucionário que a questão agrária tem no país. No entanto também mostrou as vacilações por parte das direções dos movimentos em relação a ações mais radicais de ruptura com o governo (o discurso do mal menor acaba definindo nossas ações).

Já o governo federal profundamente aliado com a burguesia agrária não vacila um instante em coordenar um processo de anti-reforma agrária profundo, de ataques ao que a luta camponesa conquistou sob o sangue de muitos camaradas que tombaram ao longo do caminho.

Os movimentos de luta pela terra encontram se numa encruzilhada - radicalizar ou não a luta por reforma agrária no Brasil. Romper ou não com o governo petista (o mal menor para muitos). Um dilema que pode ser facilmente resolvido, precisamos apenas resgatar o papel do movimento popular combativo. Ora não devemos nos aliar com nenhum governo que não defende e nem representa os nossos interesses. O papel do movimento popular é pressionar através da luta os nossos direitos negados e usurpados.

É inegável a necessidade de uma reforma agrária de fato no Brasil, bem como das organizações de luta da classe trabalhadora assumir e tocar essa luta nunca de forma isolada, mas conjunta com as lutas por uma transformação econômica e social no país.

Se as ações de articulação e mobilização desencadeadas, sobretudo depois do encontro unitário dos povos do campo não se tornarem em ações concretas como ocupações conjuntas de latifúndios e órgãos públicos, paralisação de rodovias, marchas e o acampamento permanente em Brasília. Devemos decretar o fim da luta pela reforma agrária no Brasil, sobretudo para ás milhares de famílias que ainda resistem nas margens das rodovias em baixo de barracas de lona em situação degradante na esperança de um dia ter um pedacinho de terra para produzir e sobreviver.

Mas se a opção é continuar levando adiante essa bandeira devemos parar de fazer discursos e lamentos sobre a traição do governo do PT. Façamos de fato de 2013 um ano de luta camponesa incessante no campo e na cidade, juntamente com o conjunto das organizações de luta da classe trabalhadora. Pois afinal de conta a nossa luta não é apenas por reforma agrária e sim pela superação do sistema capitalista e construção do socialismo.


*Pedro Ferreira atua como educador popular junto aos movimentos populares em Goiás, sobretudo de luta pela terra e militante do Bloco de Resistência Socialista. (Patativa do Assaré)

sábado, 10 de novembro de 2012

2ª Reunião Ampliada Nacional





No primeiro dia da Reunião ampliada, além das várias homenagens ao Rei do Baião, tivemos convidados como Alexandre - Coordenador do MST, Carla Dozzi do Minc (Ministério da  Cultura), Salete - Cordenadora de Direitos Humanos, Ricardo Spindola da Universidade Católica de Brasília e Geo Britto, do Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro. Também tivemos avaliação da conjuntura, momentos de avaliação e planejamento e oficina do Teatro do Oprimido.

A seguir um breve relato de todos os momentos do dia...

Iniciamos o dia com um bela acolhida e com uma mística que contagiou a todos/as com as músicas e animação de Luiz Gonzaga, além de conhecermos mais sobre o artista.

Foto da acolhida

Salete Moreira, Coordenação em Direitos Humanos

Passamos à apresentação da programação e aos combinados do grupo e logo em seguida Salete Moreira, Coordenadora de Educação em Direitos Humanos fez uma breve apresentação onde falou sobre a fomulação de diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos para a rede formal de educação. Disse que muitos materiais e práticas foram apropriados da experiência da Recid, bem como de outros marcos legais. Todas estas informações vão dar direcionamento para a formação em direitos humanos, que precisa considerar fortemente as práticas dos movimentos sociais.

Finaliza dizendo que a proposta é que no ano que vem, um documento neste sentido já esteja disponível, e que a Recid se reconhecerá nele...

-Salete Moreira

Alexandre, Coordenador do MST

Em seguida Alexandre, coordenador do MST, em seguida fez uma fala sobre a conjuntura onde comenta que no campo das idéias, estamos sendo encolhidos pela mídia comercial; estamos perdendo espaço com as "teles". E também sobre a real situação em que o Brasil se encontra onde podemos ver os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Ele passa a falar de 7 elementos básicos para analisar a conjuntura atual, e que no primeiro deles podemos ver que há uma crise do modelo capitalista e que sempre nesta situação de crise do capital eles fazem duas coisas: fomentam guerras e intensificam o domínio a outros países. Que é o que estão fazendo agora, tentando repasar a sua crise para os países mais pobres. E exemplifica falando que lá estão comprando carro barato porque eles têm a nós aqui, para pagar carro pelo carro deles. E não é só isso, eles têm muito o que cobiçar. Tem gás na Bolívia, pré-sal brasileiro, aquífero Guaraní... A América Latina tem tudo aquilo que resolve o problema da sua crise; os recursos naturais, a terra...

-Alexandre

Sobre as eleições, Alexandra pergunta em suas falas: Nestas campanhas, do ponto de vista da luta de classes, o que acumulamos? Fala também sobre o pacto feito com o capital - onde o capital ganha cada vez mais, mas isso não se reverte em qualidade de vida do povo; sobre o que está por trás da contratação de construtoras - o desincentivo à mobilização local. Também faz uma análise que faz da alta burguesia brasileira, que não tem partido. O partido dela é o Estado. O que interessa para esta elite é estar no Controle do Estado brasileiro - que é covarde para o seu povo, mas complacente com as elites estrangeiras; entre outros temas.

Vida Maria



Vídeo "Vida Maria" - Foto divulgação. Vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=2Bv3tdRAf-A

Assistimos ao vídeo e logo depois foi proposto para que os participantes, em grupos, discutissem as relações entre as análises feitas pelo Alexandre e as percepções advindas do vídeo. Abaixo algumas considerações dos grupos:

- A fala do Alexandre tem a ver com o vídeo também quando mostra a exploração do capital na vida das pessoas. E também nesta idéia ainda existente de que 'se nasce assim, vive assim e vai ser sempre assim.'

- Mudamos os governos mas não mudamos as estruturas. Entra a questão de gênero, o fato dela não sair da 'cerca', a precarização e inacessibilidade aos estudos...

- Falamos também sobre a morte da política; para além da morte física. As pessoas neste ciclo vão perdendo aus capacidade de sonhar, suas utopias.

- Podemos ver também a questão da revolução cultural. Esta familia do vídeo, mesmo que recebesse bolsa-família, fosse negra, urbana ou ter outras características, o que se mantem é a questão cultural. Na educação se aprende a ler, mas determinadas culturas se perpetuam...

- A educação é uma 'formatação' do conhecimento, uma reprodução constante de 'uma forma'.

- O grupo ideológico que traz esta 'encucação' faz isso de forma intencional. O Estado, o Capital... faz isso para manter mesmo a concentração de renda, a lógica autoritária, etc.

- Realmente este modelo de produção hegêmonico tem esta lógica de manutenção. No plano das idéias estamos perdendo, mas também temos práticas contra-hegemônicas. Mas a estrutura de dominação se reproduz.

Carla Dozzi, Coordenadora do Depto. de Educação e Comunicação do Minc



Carla Dozzi

Também como convidade no período da manhã, para falar da conjuntura atual, recebemos Carla Dozzi - coordenadora do Depto. de Educação e Comunicação do Minc.

Carla fala sobre a atuação no espaço de governo. Mostra slides com dados do MDS sobre a trajetória do Gasto Social Federal, de 1995 a 2010. Fala sobre o mito de haver uma nova classe média. Diz que sim, há um aumento de possibilidade de consumo, só que isso não faz enxergar uma alternativa ao que está dado - uma reprodução da Vida de Maria [vídeo que acabamos de assistir]. Fala sobre como somos pautados pelo capital internacional o tempo todo. Fala que há uma precarização da condição de trabalho - flexibiliza-se as condições de trabalho, precarizam-se... não é só 'aumento de postos'.

O projeto que está dado é um projeto neo-colonial, que perdura o Brasil colônia. É o Brasil da monocultura do café e açúcar, que exporta materia prima e compra manufaturado. Onde o referencial de perspectiva vem todo de fora... E as reformas de base, sumiram do processo político. Temos dois latifúndios para serem conquistados, a terra e a Democratização das Comunicações.

Fala sobre a necessidade dos movimentos sociais pautarem a discussão sobre projeto, ou o governo não vai avançar nisso. Onde a pauta da educação, da moradia... onde se encontram em termo de projeto? Isso faz parte do nosso trabalho.

Fala sobre a necessidade de uma revolução cultural.

Fala sobre a profissionalização da eleição, dos mecanismos de organização da politica eleitoral. Cada vez mais profissionalizada e cada vez menos encantada. E isso se reflete no desinteresse do eleitorado, com 30 por centro de votos nulos, brancos ou pessoas ausentes.

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Alexandre

Depois das considerações dos grupos sobre a análise da conjuntura em consonância com os estímulos apresentados, Alexandre continuou sua provocação comentando a respeito dos outros itens, dentro os 7 que citou no começo da sua fala, que são importantes para a análise da conjuntura atual.

Ricardo Spindola, Universidade Católica de Brasília

Em seguida, Ricardo Spindola, da Universidade Católica de Brasília, falou um pouco sobre avaliação e planejamento, tendo em vista as características específicas da educação popular.

Diz que para podermos avançarmos neste sentido, precisamos pensar em função do projeto – a bússula que mostra o que está avançando ou não.

Após outras idéias lançadas, fala também sobre o quanto “a minha realidade é muito menor do que a compreensão dela”. Fala também sobre a idéia do “inédito viável”. Pensar o que na contradição existe, que está quase nascendo e pode explodir? Também fala sobre o ato de planejar – prever. Mas pensando que prever não é controlar. E isso mesmo que se faça uma ótima análise de conjuntura. Por mais que nos organizemos, a realidade é sempre maior que a gente pois somos parte de um jogo maior e precisamos dividir um pouco a responsabilidade do jogo da vida com todo mundo.

Avaliar tem a dimensão de avaliar o todo e a parte do todo que está na nossa mão.



Ricardo Spindola

Fala sobre a opção da Rede no campo da educação é o que mais difícil tem a se fazer.Trabalhar com educação popular, em sua concepção, é muito mais exigente do que alimenta a concepção por exemplo, da educação formal. “Educação popular não se faz de qualquer maneira, muito pelo contrário.” Respeitar o outro, respeitar a trajetória do outro, acompanhar, fazer o link entre educação e política... isso é delicadíssimo de fazer.

Graças a esta 'onda' de tecnicismo, a gente vem se especializando em formatar projeto. Isso vem tirando a razão do projeto. Prestar contas, por exemplo, tem que ser sobre 'o quanto daquele sonho, o sonho sobre o qual o projeto deve ser escrito, foi alcançado?'

“O único jeito de não conviver com contradição é não fazer nada.” O problema desta opção, é que a gente do campo da educação popular não está aqui para assistir o jogo, estamos aqui pra jogar... E não tem como jogar sem tomar uma canelada, dar um passe errado... dá caibra também, cansa, mas é o jeito de se por a jogar.

Pensando em como fazer a avaliação: Fazer uma foto só do momento, não dá conta. Então uma boa prática, como diz Dom Helder, é 'levantar o candieiro para dar uma geral', depois ir com uma lupa e analisar algo que te chamou a atenção quando você 'levantou o candieiro'.

Pensar também: Como a rede se renova para ser ela mesma? No que a rede tem que se renovar para ser ela mesma?

Olhar para o cotidiano é a questão central” “É naquilo que faço quase sem pensar, é alí onde a coisa acontece e é alí onde a coisa trava.” A estrada é a grande escola da gente. A gente pode aprender com a estrada e pode não aprender com a estrada. Eu posso ter muito tempo de carreira e nenhuma experiência.


Trabalho em 2 dos 5 grupos divididos por regiões

Após esta fala, os grupos se dividiram em regiões para fazer a avaliação de suas atividades em 2012 e para pensar perspectivas para 2013.

Na volta, cada região + a Coordenação Nacional apresentou a síntese das suas discussões - que seriam discutidas/problematizadas no dia seguinte. Mais tarde, as 20h30, Geo Britto, do Centro do Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, fez uma oficina com os/as educadores/as e despertou com ela, o que motivou a discussão sobre diversos aspectos sobre nossa forma de nos expressar, sentir e, sobre nossas percepções sobre a Rede.

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Algumas das fotos da oficina. Neste momento, teatro imagem.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Flór de Lótus

        O Teatral Grupo de Risco (TGR), apresenta a peça “Flor de Lótus”, uma criação coletiva, com direção de Roma Román e no elenco Fernanda Kunzler, Paulo Matoso e Yago Garcia. O trabalho recebeu o Prêmio Cultura e Saúde – Edição 2010, da Secretaria de Cidadania Cultural, do Ministério da Saúde e que para sua concretização, vai beber na fonte do Teatro Fórum, de Augusto Boal.

         Na última semana a peça foi apresentada para grupos de mulheres, Economia Solidária, Movimentos sociais, comunidade cigana de Campo Grande, albergadas do presídio feminino semi-aberto, escolas públicas, e pretende encerrar o ciclo de 10 apresentações nesta quarta-feira (31), às 20h, no espaço do grupo localizado à rua José Antônio Pereira, 2170, Jardim Brasil.

       O TGR, grupo em atividade desde 1988 que tem como missão “desenvolver um trabalho de pesquisa de linguagem cênica, de dramaturgia, e na investigação sobre a formação histórica e cultural de Mato Grosso do Sul”, tornando-se referência no Estado pela qualidade de sua produção teatral e execução de projetos culturais e sociais. Neste tempo, produzimos mais de 30 espetáculos, entre adultos, infantis e bonecos, além de documentários e programas de televisão. O grupo já representou o Estado em festivais nacionais e internacionais como Chile, Argentina, Bolivia e Paraguai e produziu mais de quinze projetos sociais para populações da periferia dos grandes centros e do meio rural.

       No Brasil, as questões de gênero, têm avançado, com a criação de legislação e de políticas publicas especificas. O acesso aos direitos recentemente conquistados depende da tomada de consciência destes, e dos instrumentos que hoje estão disponíveis para sua garantia. A falta de aprofundamento no conhecimento sobre conquistas como a Lei Maria da Penha, ainda é um desafio a ser enfrentado por toda a sociedade para a efetivação da Política Pública. Com este trabalho, queremos firmar mais uma vez, 24 anos de trabalho de grupo e pautar nossa ação no enfrentamento a violência contra a mulher.

       Para Boal, a função da arte é criar consciência, uma consciência do mundo, “não necessariamente verbal ou verbalizável, sistematizável”. Considerando-se as diversas formas de organização das coisas empreendidas pela arte, que não somente usa palavras, mas silêncio, cores, sons, ações humanas, no tempo e no espaço, uma vez que a “comunicação estética é a comunicação sensorial e não apenas racional”, múltipla, não uma, como a própria cultura. Na experiência que vivenciaremos aqui a barreira entre palco e plateia é destruída e o Diálogo implementado, ou seja, a partir de uma encenação baseada em fatos reais, na qual personagens oprimidos e opressores entram em conflito, de forma clara e objetiva, na defesa de seus desejos e interesses. Neste confronto, o oprimido irá fracassar e convidamos a todos e todas, a entrar em cena, substituir a protagonista e contribuir com o Grupo e espetáculo buscando alternativas para o problema encenado.

"Me nego a viver em um mundo ordinário… como uma mulher ordinária. A estabelecer relações ordinárias. Necessito do êxtase. Sou uma neurótica, no sentido de que vivo meu mundo. Não me adaptarei ao mundo... Me adapto a mim mesma”.

Contatos:
Fernanda Kunzler (67) 9241 6227
Paulo Matoso (67) 9282 6131

CORTA ESSA DE SUICÍDIO!

                                                                                                                  José Ribamar Bessa Freire
28/10/2012 - Diário do Amazonas 
           Foi assim. No primeiro século da era cristã, os Guarani saíram da região amazônica, onde viviam, e caminharam em direção ao Cone Sul. Depois de longas andanças, ocuparam terras que hoje estão dentro de vários estados nacionais: Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia. Os vestígios arqueológicos e linguísticos que foram deixando ao longo do caminho permitiram que os pesquisadores reconstruíssem essa rota e estabelecessem datas prováveis do percurso feito. 

          Dois mil anos depois, um italiano, nascido em 1948, em Toscana, atravessou o oceano Atlântico com sua família, veio para Porto Alegre, de lá para Curitiba, se naturalizou brasileiro e se instalou, finalmente, em Mato Grosso do Sul, onde encontrou os Guarani, que lá vivem há quase dois milênios. O italiano recém-chegado se tornou governador do Estado. Seu nome: André Puccinelli (PMDB - vixe, vixe).

       A migração estrangeira ajudou a construir nosso país, quando conviveu em paz com os que aqui estavam há muitos séculos, sem atropelá-los. Muitos estrangeiros, honrados, trouxeram trabalho, riqueza e cultura e compartilharam o que tinham e o que produziam com o resto da sociedade que os acolheu. Ensinaram a aprenderam. Mudaram e foram mudados. Benditos estrangeiros que plasmaram a alma brasileira! 
      
       No entanto, não foi isso o que sempre aconteceu em Mato Grosso do Sul. Lá, desde 1915, fazendeiros, pecuaristas e agronegociantes, quando chegaram, encontraram as terras ocupadas por índios. Consideraram as terras indígenas como "devolutas" e começaram a expulsar os que ali viviam, num processo que se acelerou nas últimas décadas. Foi aí que os invasores, representados hoje, no campo político, por André Puccinelli, colocaram seus documentos pra fora e, machistas, ordenaram autoritariamente:
- Deite que eu vou lhe usar!
Usaram a terra em proveito próprio, da mesma forma que o coronel Jesuíno, interpretado por José Wilker, usou a Sinhazinha na minissérie Gabriela: sem nenhum agrado, sem qualquer respeito. Com dose cavalar de brutalidade, desmataram, queimaram, exploraram os recursos naturais, abusaram dos agrotóxicos, colheram safras bilionárias de soja, cana e celulose, extraíram minério, poluíram rios e privatizaram a natureza para fins turísticos. Pensaram só neles, no lucro, e não na terra e na qualidade da vida, nem compartilharam com a sociedade, que ficou mais empobrecida.
Flor da terra
        O resultado desastroso do uso da terra foi lamentado pelos líderes e professores Kaiowá em carta de 17 de março de 2007:
       - O fogo da morte passou no corpo da terra, secando suas veias. O ardume do fogo torra sua pele. A mata chora e depois morre. O veneno intoxica. O lixo sufoca. A pisada do boi magoa o solo. O trator revira a terra. Fora de nossas terras, ouvimos seu choro e sua morte sem termos como socorrer a Vida. 
        Para os Guarani, o que aconteceu foi um estupro, ferindo de morte a sinhazinha natureza. A relação deles com a terra é amorosa, eles não se consideram donos da terra, mas parceiros dela. Ela é o tekoha, o lugar onde cultivam o modo de ser guarani, o nhanderekó. "Guardamos com a terra" - diz o kaiowá Tonico Benites - "um forte sentimento religioso de pertencimento ao território".Não é a terra que pertence ao Guarani, mas o Guarani que pertence à terra.

        O professor guarani Marcos Moreira, quando foi meu aluno no curso de formação de professores, entrevistou o velho Alexandre Acosta, da aldeia de Cantagalo (RS) que, entre outras coisas, falou:
- Esta terra que pisamos é um ser vivo, é gente, é nosso irmão. Tem corpo, tem veias, tem sangue. É por isso que o Guarani respeita a terra, que é também um Guarani. O Guarani não polui a água, pois o rio é o sangue de um Karai. Esta terra tem vida, só que muita gente não percebe. É uma pessoa, tem alma. Quando um Guarani entra na mata e precisa cortar uma árvore, ele conversa com ela, pede licença, pois sabe que se trata de um ser vivo, de uma pessoa, que é nosso parente e está acima de nós.
          Os líderes Kaiowá reforçam essa relação com a terra quando lembram, na carta citada, que o criador do mundo criou o povo Guarani para ter alguém que admirasse toda o esplendor da natureza."O nosso povo foi destinado em sua origem como humanidade a viver, usufruir e cuidar deste lugar, de modo recíproco e mútuo" - escreve o kaiowá Tonico Benites, doutorando em antropologia. "Por isso, nós somos a flor da terra, como falamos em nossa língua: Yvy Poty" - completam os líderes Kaiowá.
Se a terra é um parente, a relação com ela deve ser de troca equilibrada, de solidariedade. É como a mãe que dá o leite para o filho. Ela dá, sem pensar em cobrar. Ela não cobra nada, mas socialmente espera que um dia, se precisar, o filho vai retribuir.
         "Tudo isso é frescura" - dizem os fazendeiros e pecuaristas que pensam como o coronel Jesuíno: a terra é pra ser usada. E ponto final. Portanto, o conflito não é apenas fundiário, mas cultural, com proporções tão graves que a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, considera essa como "a maior tragédia conhecida na história indígena em todo o mundo". É que os Guarani decidiram defender a terra ferida e para isso realizaram um movimento de ocupação pacífica do território tradicional localizado à margem de cinco rios: Brilhantes, Dourados, Apa, Iguatemi e Hovy.
Apenas uma pequena parte do antigo território, que lhes permita sobreviver dignamente, é reivindicada. É o caso da comunidade Pyelito Kue-Mbarakay, no extremo sul do Estado, onde vivem 170 Kaiowá, dentro da fazenda Cambará, às margens do rio Hovy, município de Iguatemi (MS). A comunidade está cercado por pistoleiros e lá já ocorreram recentemente 4 mortes, duas por espancamento e tortura dos jagunços e duas por suicídio.
Somos Kaiowá 
Um juiz federal, Sergio Henrique Bonacheia, determinou, em setembro último, a expulsão dos índios. Ele afirmou que não interessa "se as terras em litígio são ou foram tradicionalmente ocupadas pelos índios ou se o título dominial do autor é ou foi formado de maneira ilegítima". Os índios vão ter que sair - decidiu o magistrado.
         O Ministério Público Federal e a Funai recorreram ao Tribunal Regional Federal contra tal decisão. Os índios se rebelaram, escreveram uma carta anunciando que dessa forma o juiz está decretando a morte coletiva, que ele pode enviar os tratores para cavar um grande buraco e enterrar os corpos de todos eles: 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças, que eles ali ficam, como um ato de resistência, para morrer na terra onde estão enterrados seus avós.
       O suicídio coletivo - assim a carta foi interpretada - teve enorme difusão nas redes sociais e ampla repercussão internacional, "com o silêncio aterrador" da mídia nacional, como lembrou Bob Fernandes, autor de um dos três artigos esclarecedores e informativos. Os outros dois foram de Eliane Brum e de Tonico Benites.
       Construiu-se rapidamente nas redes sociais uma corrente de solidariedade, com sugestões para a realização de atos de protestos em muitas cidades brasileiras. "Nós todos somos Kaiowá" - disseram, parodiando um slogan que ficou célebre em maio de 1968, na França: "Nous sommes tous des juifs allemands". Um desses atos, marcado para hoje, domingo, dia 28, será no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, onde está instalada uma exposição sobre a vida da atriz Regina Duarte, proprietária de uma fazenda em MS e considerada porta-voz dos fazendeiros, por uma declaração infeliz que deu.
Diante da gravidade dos fatos, o governo federal convocou reunião de emergência para a próxima segunda-feira, com a participação de vários órgãos governamentais. A possibilidade de se efetivar o suicídio coletivo dos Kayowá se apoia em dados oficiais do Ministério da Saúde: nos últimos onze anos, entre 2.000 e 2011, ocorreram 555 suicídios, uma das taxas mais altas do mundo.
Se a tragédia acontecer, uma pergunta vai ter que ser respondida: suicídio coletivo? Será mesmo? A ideia de suicídio é, num certo sentido muito cômoda, porque isenta de culpa a terceiros. Mas se você é levado por alguém a se matar, trata-se de suicídio ou de uma forma de homicídio? O artigo 122 do Código Penal Brasileiro estabelece pena de reclusão para o agente que, através de ato, induz ou instiga alguém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Quem pode ser incriminado neste caso?
       A pergunta deve ser feita ao governador Puccinelli, implicado pela Operação Uragano da Polícia Federal num esquema ilegal de pagamento de propinas a deputados e desembargadores, que em maio de 2010, durante a abertura da Expoagro, em Dourados, incitou os fazendeiros contra os índios. A pergunta pode ser repassada também à senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, que em artigo, ontem, na Folha de São Paulo, teve o descaro de escrever, com certa dose de cinismo e de deboche:
       - "Se a Funai pensa, por exemplo, que são necessárias mais terras para os indígenas pela ocorrência da explosão demográfica em certa região, nada mais fácil do que comprar terras e distribuí-las".
O discurso da senadora - convenhamos - é transparente, porque evidencia a relação exclusivamente mercantil que têm com a terra, ela e aqueles que ela representa e da qual é porta-voz. Mostra ainda que ela não é capaz de entender a relação amorosa e religiosa dos Guarani com a terra. O coronel Jesuíno, certamente, assinaria embaixo de tal discurso.


Link para o artigo esclarecedor da ex-senadora Marina Silva: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marinasilva/1171587-sobre-todos-nos.shtml

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Comunicação Novas Linguagens


Compas,

Amanhã (24) às 18h, acontece a oficina de Comunicação na casa da Recid. Esta oficina é uma demanda que surgiu um um de nossos planejamentos. Neste primeiro momento estaremos com a comunidade cigana, mas isto não é fator delimitante, a oficina é aberta a todas as pessoas que desejam participar e colaborar com os processos de formação do povo.

A ideia da oficina é descobrir novas linguagens de comunicação e fortalecer as que temos, no sentido de se debater a democratização da mesma, principalmente com jovens das comunidades negras, afro descendentes, ciganas, indígenas. Teremos duas oficinas esta semana no dia 24 e 25 (participação da comunidade indígena urbana/rural terena), no dia 26/10 haverá o cine Recid às 19h e dia 27/10 seminário o dia todo visando continuidade ao debate sobre comunicação, das 8h às 17h, todas essas atividades na casa da Recid.

Estão convidados/as, aliás, convocados/as a estarem conosco!!!!

CRIAR, CRIAR PODER POPULAR!!!

Rede de Educação Cidadã MS
                  67 3042 8262
www.teatralgrupoderisco.com.br

terça-feira, 16 de outubro de 2012

EXPERIÊNCIAS DE PODER POPULAR NA AMÉRICA LATINA


O que é?

Educação Popular: uma Escola em Formação tem o propósito de intensificar a formação de lideranças, garantindo processos continuados e integrados de educação popular, objetivando a autonomia e o fortalecimento das lutas populares no Mato Grosso do Sul tendo em vista a construção de um projeto popular para a o Brasil. Esta formação consta das seguintes temáticas:

- Projeto Popular e alternativas frente a crise capitalista;
- História das ideias e lutas sociais no Brasil e na região Centro Oeste;
- Experiências de Poder Popular na América Latina;
- Metodologia da Práxis e experimentação pedagógica;
- Concepções de Educação no Brasil (História da educação popular e pedagogia Freireana)


Participação


Destina-se a todas as pessoas que tenham idade a partir dos quinze anos. A Escola está aberta a diversos atores sociais, representantes de entidades e movimentos e militantes das causas indígenas, negros e negras, quilombolas, LGBTs, mulheres, juventude, ciganos/as e também profissionais de diversas áreas do conhecimento. Serão trinta vagas e para se inscrever, preencha a ficha de inscrição a seguir. 

Neste 3º módulo, a escola conta com o assessoramento de Cláudio Nascimento, entre os dias 19 e 21 de outubro.

recidms@hotmail.com

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Organicidade e sustentabilidade


CONVITE 

A Rede de Educação Cidadã MS (Recid), convida as diversas organizações do Estado para comparecerem em sua reunião ampliada que acontecerá nesse sábado das 7h30 às 17h com almoço no local. Na parte da manhã estaremos com uma oficina sobre organicidade e sustentabilidade em Rede e na parte da tarde continuaremos os debates sobre a avaliação das atividades e planejamento deste mês. Ressaltamos que nossos desdobramentos tem o intuito, nessa reta final, de também nos prepararmos para o próximo período que a Recid viverá a partir do mês de dezembro, portanto, a participação de tod@s os/as colaboradores/as é importantíssima para a construção desse processo. 

OBJETIVO: “Avançar os debates sobre organicidade e sustentabilidade da Recid, assegurando o olhar popular na busca de reforçar as possibilidades de articulações dos diversos movimentos sociais para garantir a continuidade e potencialização do trabalho de base nas suas organizações por meio da Recid”. 

DA PROGRAMAÇÃO... 

7h30 - Café da manhã solidário; 

8h - Mística; 
8h30 às 12h - Oficina: “Organicidade e Sustentabilidade em Rede”; 
12h01 - Almoço; 
13h30 - Histórico da última ampliada; 
13h40 - Video; 
13h50 - Apresentação e avaliações das oficinas; 
14h20 - Planejamento; 
16h - Cafezinho; 
16h20 - Informes; 
14h30 - Mística de encerramento do dia; 
Abraços Fraternos, 

Comissão Pedagógica/Comunicação e de Gestão RECID-MS 


Local: CASA DA RECID 

Rua Dr. Temístocles, 64, Esplanada da Ferroviária, Campo Grande, MS. 

Contatos: Dionédison 9932 8740// Fernanda 9241 6227 // Milena 9231 4456 // Paulo 92826131 Romilda 9248 3389 // Robson 9118 5902 


“Se a estrutura como esta, não permite o diálogo, 
é necessário trocar a estrutura. E não decidir que não 
pode. Eu também sei que não pode haver diálogo assim.” 
Paulo Freire

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Memória Escola de Formação


Equipe de comunicação 2º módulo

Memória do 1º dia da Escola de Educação Popular: Uma escola em Formação, 28.09.12

Ontem, na casa das irmãs Lauritas em Campo Grande-MS, teve inicio o 2º módulo da Escola de Educação Popular: Uma escola em formação, cujo tema proposto é “A história das ideias e lutas sociais no Brasil e América Latina”. Mas para além de debates e formação em textos esta escola se constrói sobre os alicerces da solidariedade, da luta dos movimentos e da superação do capitalismo através da construção de um projeto diferente. 

Para tentar cumprir esses objetivos, a manhã desta sexta-feira(28.09.2012) foi realizada principalmente com técnicas de teatro do oprimido, dividos em: “teatro de jornal”, “derrubando o opressor”, “conhecendo o seu companheiro(a)” e ainda muitas outras. Não é preciso que se diga o quão importante e necessário é fazer essas ações, construir esses momentos, a unidade entre as pessoas, entre os movimentos dada as suas diversidades tem sua complexidade. O debate sincero pode não ser a única chave, é preciso que se estimule outras, como a amorosidade, o que implica respeito, e para isso é preciso conhecer o outro, se desarmar para o outro, tentar entendê-lo e assim dialogar. Estes momentos tentaram garantir aquilo que nos faz mais, que nos faz ser, mas cada um dá o passo do tamanho que pode, e dasafiamos sempre a andar mais e principalmente organizado e em rede. 

Na parte da tarde garantiu um momento entre os participantes para leitura de um texto. Estes para além de só lê-lo deveriam ficha-lo, cada grupo de forma diferente, por isso, antes da atividade foi feito uma pequena explicação dos modos de fichamento, e qual sua utilidade em quanto formação, mas principalmente como isto pode fortalescer o debate dos textos. O nome do texto é “História das lutas sociais” e foi enviado pela Jaqueline-DF, integrante da Comissão Nacional da RECID. 

Na parte da noite e ainda antes do jantar tivemos uma apresentação-ação de Teatro do Oprimido, oferecido por nossa entidade âncora Teatral Grupo de Risco, o nome da peça é “Flor de Lotus”, onde se trabalha os modos da violência contra a mulher, e a entrada em cena dos que inicialmente eram apenas ouvintes. Não vale só discursar, é preciso entrar em cena, ser ousado(a), porque mudar a história se faz na práxis e não só na teoria. Experiência inesquecível e abaladora para alguns participantes. Finalizando esse primeiro dia e depois do Jantar as pessoas assistiram um documentário sobre a ascensão dos considerados atualmente estados progressitas de esquerda ou centro esquerda na América Latina, o que é muito importante para entendermos a conjuntura e o poder da mídia em cima dessas figuras e projetos propostos. Nome do filme. 

Esse segundo módulo é continuação de nossa escola, no primeiro módulo tivemos o tema: “Projeto popular e Alternativas frente a crise capitalista”, ainda na parte da manhã foi feito uma fala de um dos coordenadores fazendo uma ligação entre o primeiro módulo e o segundo. 

No segundo dia teremos a compania do companheiro do MST do DF, camarada Ney, que será o facilitador dos próximos dois dias..

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Boletim Nº 09/12 – SETEMBRO


Novo ataque à classe trabalhadora tem nome: Acordo Coletivo com Propósito Específico

Os “cães de guarda” estão soltos

Violência no Campo: Continua os ataques dos fazendeiros contra os povos indigenas

É preciso unificar as Campanhas Salariais do segundo semestre para arrancar a vitória

Dilma, Cadê a reforma agrária ?

Mato Grosso do Sul tem quase 4 milhões de hectares “fantasmas”

Governar é inaugurar obras?

Nota do MTST em solidariedade à Favela do Piolho em São Paulo

Sociólogo Ricardo Antunes fala sobre uma nova morfologia nas relações de trabalho

Gritaremos hoje, amanhã e sempre. Enquanto for necessário, enquanto houver opressão!

Nacionalizar a luta contra as demissões da GM! Construir um Fórum Nacional de Lutas!

Nota sobre o acordo entre a bancada ruralista e o governo Dilma sobre o Código Florestal

Balanço: greve dos servidores públicos desafia governo e impõe derrota à política de Dilma-PT


E MAIS:

Campanhas salariais na categoria de alimentação em São José dos Campos, Jacareí e região

96,5% das categorias em campanha salarial no primeiro semestre conquistaram aumento real de salários

Assista ao vídeo - Movimentos Populares do Nordeste Goiano: Organização, Formação e Luta
http://youtu.be/l-BIqSBYnUA


Divulgue e compartilhe essas informações com os seus contatos!

Acesse: http://blogderesistenciasocialista.blogspot.com.br/

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Grito dos Excluídos e Recid 2012

“Poder, Poder... Poder para o Povo, Poder para o Povo, e o Poder do Povo, e o Poder do Povo, Vai nascer o mundo novo, Vai nascer o mundo novo.”

“Deste dia eu me lembro, este dia eu vivi. E ei de levar em meu coração, os amigos que fiz, as articulações que executei, os debates táticos e estratégicos montados e flexíveis diante da conjuntura. Ainda colocarei em minha bagagem coisas elementares, como o medo, a felicidade a força de agir e construir coletivamente um Grito d@s excluíd@s crítico-popular”.

Sabemos que dentro da Conjuntura, e da maneira de se organizar, pode ser uma opção tática, servindo como “jeitinho de ser fazer algo” para atingir um outro objetivo considerado mais importante, ou ele pode ser estratégico, visto o atual cenário social-político e eleitoral que se vive em todas as cidades do Brasil, onde o grito como denunciador e mobilizar serve como espaço ainda mais estridente, mostrando a insatisfação, a organização, a unidade e a luta.

Mas mesmo sendo tático ou estratégico, uma coisa importante a se ressaltar é saber que este não é um fim em si mesmo, e se pensarmos dialeticamente, ele seria mais um fim-meio enquanto plano de ação. Um exemplo disso esta nos muitos movimentos sociais do Brasil inteiro que organizam o Grito d@s Excluíd@s cotidianamente, onde até este já se faz um guarda-chuva de unidade nas lutas, mobilizando, articulando em outros momentos não nessa data.

O sentido histórico, político, metodológico e popular do Grito, foram alguns motivos para que no seu X Encontro Nacional, a Rede de Educação Cidadã, o colocasse dentro de um dos seus Eixos de Luta Trienal (5º Eixo: Fortalecimento de Ações que acumulem para Construção do Projeto Popular para o Brasil). Este ao passar pela assembléia não fora questionado, o desafio seria levar para as regiões o significado de nossa participação ao estar com os outros sujeitos históricos no sentido de fortalecer esta a luta popular e nós mesmos dentro desta lógica, expor as empresas, planejamentos das cidades, Estados e da União que afetam negativamente o povo, suas vidas e seus sonhos.

O lema do Grito d@s Excluíd@s Nacionalmente foi “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população”. Em Mato Grosso do Sul, o Tribunal Popular da Terra, espaço de articulação dos movimentos sociais que tenta dialogar sobre a unidade dos povos da terra e da cidade puxou o lema regional “Reforma Agrária, Terra, Território e Dignidade”.

Segue vídeo com fotos e filmagem do ato. Veja e Compartilhe essa ideia...



“Aos esfarrapados do mundo, e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas sobretudo, Com eles LUTAM” (Paulo Freire)

Equipe Recid MS (Robson Souza)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Grito dos Excluídos no dia 07 de Setembro

Manifestação feita tradicionalmente no dia 07 de setembro (Dia da Independência do Brasil), em todo país, logo após o desfile oficial, o Grito dos Excluído visa mostrar no “Dia da Pátria” a verdadeira realidade da Nação. Neste ano o Grito dos Excluídos tem como tema nacional “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda a população”. 

Não somos contra a afirmação da nacionalidade nesta data, mas entendemos que não basta um desfile ufanista. Somos realmente independentes? Qual a realidade do povo brasileiro após tantos anos de declaração formal da Independência?

Em MS diversas entidades e movimentos já se organizam para a manifestação. A concentração tem início a partir das 07:00 horas, na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Mato Grosso, para realização de panfletagem e organização da passeata logo após o desfile oficial.

TRIBUNAL POPULAR DA TERRA - MATO GROSSO DO SUL

MANIFESTO PÚBLICO
 Grito dos Excluídos em MS contra o AUTORITARISMO
POR REFORMA AGRÁRIA, TERRA, TERRITÓRIO E DIGNIDADE 

O Tribunal Popular da Terra (TPT/MS) se constitui em 2011 no Estado num espaço de articulação de movimentos sociais, como organizador do evento que levou o Estado Brasileiro, o Latifúndio e o Agronegócio no Banco dos Réus em 30, 31 de março e 1 de abril de 2012, em Campo Grande, com a participação expressiva de representantes dos Povos da Terra (indígenas quilombolas e camponeses) de Mato Grosso do Sul.

O TPT/MS resgata a tradição de luta e resistência dos trabalhadores do campo e dos povos tradicionais de Mato Grosso do Sul pela justiça, direito à vida e a reforma agrária. Nesse sentido ele é a reafirmação da memória do histórico Tribunal da Terra MS que em 24 de julho de 1987 julgou e condenou o Estado Brasileiro pelos crimes do latifúndio. Diante da agenda de manifestação popular, carregada de simbolismo, que chama aos movimentos sociais comprometidos com a transformação da sociedade de exclusão e de violência do sistema capitalista, com o nome de GRITO DOS EXCLUÍDOS o Tribunal Popular da Terra/MS, como coletivo social-político e popular de resistência dos Povos da Terra, vem a manifestar o que segue:

1. Reivindicar o tema nacional do Grito 2012: “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda a população”.

2. Em sintonia com o Encontro Unitário dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas, realizado em Brasília de 20 a 22 de agosto de 2012 e da Declaração Final dessa importante mobilização, assumimos a centralidade da luta no Estado de Mato Grosso do Sul por REFORMA AGRÁRIA, TERRA, TERRITÓRIO E DIGNIDADE.

3. Somamo-nos ao chamado dos atos populares pela consciência social e política para o dia 7 de setembro, feito por tantas outras organizações e chamamos ao mesmo tempo aos movimentos sociais e populares, às organizações estudantis, entidades de defesa de direitos humanos, homens e mulheres, indígenas, quilombolas e camponeses que lutam por justiça, a REIVINDICAR E PROTESTAR por terra e território, trabalho para todos, educação e saúde de qualidade, moradia alimentação e acesso aos bens culturais sem discriminação alguma.

4. Condenamos a criminalização das lutas sociais e políticas populares, e o AUTORITARISMO DO ESTADO BRASILEIRO E DO ESTADO E GOVERNO DE MATO GROSSO DO SUL.

5. Solidarizamo-nos com a luta dos povos indígenas do Estado. Condenamos as ameaças de guerra aberta e pública declarada pelos fazendeiros contra o povo Guarani-Kaiowa. Resgatamos a dignidade dos índios Terena da Aldeia Moreira do município de Miranda/MS, que, revoltados pela discriminação do governo do Estado, jogaram ovos contra o governador André Puccinelli. E perante as agressões verbais e gestos obscenos já característicos do governador contra os nativos deste chão manifestamos nossa irrestrita solidariedade com todos os povos indígenas que lutam por terra, território e dignidade em MS.

6. Denunciamos o modelo político e econômico, o latifúndio e o agronegócio, concentradores de riqueza e geradores de exclusão social de milhões de pessoas.

7. Chamamos participar o dia 7 de setembro nos atos públicos, nas ruas e nas praças para repudiar o sistema de exploração e de violência do agronegócio e do agro-capital contra os povos da terra e a classe trabalhadora em geral.

Tribunal Popular da Terra (TPT/MS) Coletivo social-político que junto a 25 organizações populares de MS e outros Estados organizaram o II Tribunal Popular da Terra em MS em março-abril de 2012.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Demarcação de terras quilombolas em Corguinho podem continuar

MPF argumentou que estudos em Furnas da Boa Sorte não ofendem direito dos proprietários

A Justiça acatou parecer do Ministério Público Federal e determinou o prosseguimento dos estudos de identificação da terra quilombola conhecida como Furnas da Boa Sorte, em Corguinho, 90 km ao norte da capital, Campo Grande.

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) negou recurso de apelação dos proprietários rurais, que questionavam o trabalho do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na área. Com a decisão, o Incra poderá efetuar as vistorias necessárias para os estudos de reconhecimento das terras remanescentes de quilombolas.

A Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3) argumentou que o procedimento administrativo do Incra está na fase de mera notificação para acompanhamento, pelos proprietários, dos trabalhos da equipe técnica que irá levantar dados e informações que permitam afirmar se as áreas são ou não territórios tradicionais de populações quilombolas

O MPF argumentou que “a mera vistoria não constitui nem mesmo ameaça a direito, uma vez que nela apenas são coletados dados que propiciarão a análise no que diz respeito a estar ou não o imóvel em área pertencente aos antigos quilombos, bem como no que diz respeito aos aspectos atinentes à ocupação”.

Para a Procuradoria, “a conclusão da área técnica do órgão federal competente, sobre a legitimidade da proposta de território quilombola e a adequação dos estudos e documentos apresentados pelos interessados por ocasião do pedido de abertura do processo de identificação respectivo, apenas ocorrerá no momento da elaboração do parecer conclusivo. Antes disso, não há que se falar, nem sequer em tese, a qualquer ofensa ao direito de posse ou propriedade dos autores.”

Referência processual:
Justiça Federal de Campo Grande: 2005.60.00.003773-1
TRF-3: 0003773-03.2005.4.03.6000

Clique aqui para ler a íntegra do parecer do MPF

Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
(67) 3312-7265 / 9297-1903
(67) 3312-7283 / 9142-3976