Estudo da Realidade
No dia 26 de agosto, aniversário de 111 anos da cidade de Campo Grande, a RECID-MS fez reunião de estudo para debater a situação da conjuntura política no Estado e os limitados avanços das lutas dos movimentos sociais. Para fortalecer os processos educacionais desenvolvidos pela rede sul mato-grossense, educadores(as) encaminham o fortalecimento do estudo da realidade para aperfeiçoar suas estratégias de ação no fortalecimento da cidadania e do protagonismo dos movimentos e organizações em defesa dos interesses populares.
Após 8 anos de um governo popular, que promovia maior participação de movimentos sociais, o Estado enfrenta, desde 2006, as adversidades de uma administração orientada pelas políticas neoliberais de fortalecimento dos grande conglomerados empresariais e o agronegócio. O atual governador criminaliza as mobilizações populares, é contrário às demandas de demarcação das terras indígenas e quilombolas, fez afirmações homofóbicas com intenção de ofender o ministro do meio ambiente ao comentar as exigências do ministério em relação à proteção ambiental, bem como, praticamente acabou com a participação de movimentos sociais na gestão das políticas públicas.
Se por um lado as mudanças propiciam uma correlação desfavorável aos movimentos e aos interesses populares, por outro, os 8 anos anteriores de governo popular, aprofundaram vícios entre os movimentos: cooptação de suas lideranças, o rebaixamento de suas propostas frente à pressão da governabilidade e abandono – pelo menos parcial – da formação de base. Hoje os setores populares enfrentam vários problemas para se organizar e concretizar enfrentamentos políticos com a elite concentradora.
Neste contexto, a Rede de Educação Cidadã no Mato Grosso do Sul enfrenta os limites das organizações dos setores populares e luta para recolocar a educação popular em pauta. Para a Rede, a metodologia, que em muito se inspira na obra de Paulo Freire, é uma opção política essencial para desenvolvermos processos emancipatórios. A retomada da formação de novas lideranças e a promoção da organização popular, depende de uma metodologia que permita ao povo se sentir como sujeito histórico, retomar as demandas por politicas públicas, fortalecer a participação popular e a defesa da democracia na gestão da coisa pública no Estado de Mato Grosso do Sul.
As eleições são um momento em que algumas mudanças podem acontecer, mas não substituem a formação de base e a mobilização social, aliás, só funcionam sob pressão social, e isso os empresários sabem fazer muito bem. Inclusive, com a propriedade dos maiores meios de comunicação do Estado que buscam ao máximo invisibilizar as candidaturas mais próximas dos movimentos sociais populares. Afinal como diz o filme “a revolução não será televisionada”.
Rede de Educação Cidadã – MS, 26 de agosto de 2010