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sábado, 10 de novembro de 2012

2ª Reunião Ampliada Nacional





No primeiro dia da Reunião ampliada, além das várias homenagens ao Rei do Baião, tivemos convidados como Alexandre - Coordenador do MST, Carla Dozzi do Minc (Ministério da  Cultura), Salete - Cordenadora de Direitos Humanos, Ricardo Spindola da Universidade Católica de Brasília e Geo Britto, do Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro. Também tivemos avaliação da conjuntura, momentos de avaliação e planejamento e oficina do Teatro do Oprimido.

A seguir um breve relato de todos os momentos do dia...

Iniciamos o dia com um bela acolhida e com uma mística que contagiou a todos/as com as músicas e animação de Luiz Gonzaga, além de conhecermos mais sobre o artista.

Foto da acolhida

Salete Moreira, Coordenação em Direitos Humanos

Passamos à apresentação da programação e aos combinados do grupo e logo em seguida Salete Moreira, Coordenadora de Educação em Direitos Humanos fez uma breve apresentação onde falou sobre a fomulação de diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos para a rede formal de educação. Disse que muitos materiais e práticas foram apropriados da experiência da Recid, bem como de outros marcos legais. Todas estas informações vão dar direcionamento para a formação em direitos humanos, que precisa considerar fortemente as práticas dos movimentos sociais.

Finaliza dizendo que a proposta é que no ano que vem, um documento neste sentido já esteja disponível, e que a Recid se reconhecerá nele...

-Salete Moreira

Alexandre, Coordenador do MST

Em seguida Alexandre, coordenador do MST, em seguida fez uma fala sobre a conjuntura onde comenta que no campo das idéias, estamos sendo encolhidos pela mídia comercial; estamos perdendo espaço com as "teles". E também sobre a real situação em que o Brasil se encontra onde podemos ver os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Ele passa a falar de 7 elementos básicos para analisar a conjuntura atual, e que no primeiro deles podemos ver que há uma crise do modelo capitalista e que sempre nesta situação de crise do capital eles fazem duas coisas: fomentam guerras e intensificam o domínio a outros países. Que é o que estão fazendo agora, tentando repasar a sua crise para os países mais pobres. E exemplifica falando que lá estão comprando carro barato porque eles têm a nós aqui, para pagar carro pelo carro deles. E não é só isso, eles têm muito o que cobiçar. Tem gás na Bolívia, pré-sal brasileiro, aquífero Guaraní... A América Latina tem tudo aquilo que resolve o problema da sua crise; os recursos naturais, a terra...

-Alexandre

Sobre as eleições, Alexandra pergunta em suas falas: Nestas campanhas, do ponto de vista da luta de classes, o que acumulamos? Fala também sobre o pacto feito com o capital - onde o capital ganha cada vez mais, mas isso não se reverte em qualidade de vida do povo; sobre o que está por trás da contratação de construtoras - o desincentivo à mobilização local. Também faz uma análise que faz da alta burguesia brasileira, que não tem partido. O partido dela é o Estado. O que interessa para esta elite é estar no Controle do Estado brasileiro - que é covarde para o seu povo, mas complacente com as elites estrangeiras; entre outros temas.

Vida Maria



Vídeo "Vida Maria" - Foto divulgação. Vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=2Bv3tdRAf-A

Assistimos ao vídeo e logo depois foi proposto para que os participantes, em grupos, discutissem as relações entre as análises feitas pelo Alexandre e as percepções advindas do vídeo. Abaixo algumas considerações dos grupos:

- A fala do Alexandre tem a ver com o vídeo também quando mostra a exploração do capital na vida das pessoas. E também nesta idéia ainda existente de que 'se nasce assim, vive assim e vai ser sempre assim.'

- Mudamos os governos mas não mudamos as estruturas. Entra a questão de gênero, o fato dela não sair da 'cerca', a precarização e inacessibilidade aos estudos...

- Falamos também sobre a morte da política; para além da morte física. As pessoas neste ciclo vão perdendo aus capacidade de sonhar, suas utopias.

- Podemos ver também a questão da revolução cultural. Esta familia do vídeo, mesmo que recebesse bolsa-família, fosse negra, urbana ou ter outras características, o que se mantem é a questão cultural. Na educação se aprende a ler, mas determinadas culturas se perpetuam...

- A educação é uma 'formatação' do conhecimento, uma reprodução constante de 'uma forma'.

- O grupo ideológico que traz esta 'encucação' faz isso de forma intencional. O Estado, o Capital... faz isso para manter mesmo a concentração de renda, a lógica autoritária, etc.

- Realmente este modelo de produção hegêmonico tem esta lógica de manutenção. No plano das idéias estamos perdendo, mas também temos práticas contra-hegemônicas. Mas a estrutura de dominação se reproduz.

Carla Dozzi, Coordenadora do Depto. de Educação e Comunicação do Minc



Carla Dozzi

Também como convidade no período da manhã, para falar da conjuntura atual, recebemos Carla Dozzi - coordenadora do Depto. de Educação e Comunicação do Minc.

Carla fala sobre a atuação no espaço de governo. Mostra slides com dados do MDS sobre a trajetória do Gasto Social Federal, de 1995 a 2010. Fala sobre o mito de haver uma nova classe média. Diz que sim, há um aumento de possibilidade de consumo, só que isso não faz enxergar uma alternativa ao que está dado - uma reprodução da Vida de Maria [vídeo que acabamos de assistir]. Fala sobre como somos pautados pelo capital internacional o tempo todo. Fala que há uma precarização da condição de trabalho - flexibiliza-se as condições de trabalho, precarizam-se... não é só 'aumento de postos'.

O projeto que está dado é um projeto neo-colonial, que perdura o Brasil colônia. É o Brasil da monocultura do café e açúcar, que exporta materia prima e compra manufaturado. Onde o referencial de perspectiva vem todo de fora... E as reformas de base, sumiram do processo político. Temos dois latifúndios para serem conquistados, a terra e a Democratização das Comunicações.

Fala sobre a necessidade dos movimentos sociais pautarem a discussão sobre projeto, ou o governo não vai avançar nisso. Onde a pauta da educação, da moradia... onde se encontram em termo de projeto? Isso faz parte do nosso trabalho.

Fala sobre a necessidade de uma revolução cultural.

Fala sobre a profissionalização da eleição, dos mecanismos de organização da politica eleitoral. Cada vez mais profissionalizada e cada vez menos encantada. E isso se reflete no desinteresse do eleitorado, com 30 por centro de votos nulos, brancos ou pessoas ausentes.

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Alexandre

Depois das considerações dos grupos sobre a análise da conjuntura em consonância com os estímulos apresentados, Alexandre continuou sua provocação comentando a respeito dos outros itens, dentro os 7 que citou no começo da sua fala, que são importantes para a análise da conjuntura atual.

Ricardo Spindola, Universidade Católica de Brasília

Em seguida, Ricardo Spindola, da Universidade Católica de Brasília, falou um pouco sobre avaliação e planejamento, tendo em vista as características específicas da educação popular.

Diz que para podermos avançarmos neste sentido, precisamos pensar em função do projeto – a bússula que mostra o que está avançando ou não.

Após outras idéias lançadas, fala também sobre o quanto “a minha realidade é muito menor do que a compreensão dela”. Fala também sobre a idéia do “inédito viável”. Pensar o que na contradição existe, que está quase nascendo e pode explodir? Também fala sobre o ato de planejar – prever. Mas pensando que prever não é controlar. E isso mesmo que se faça uma ótima análise de conjuntura. Por mais que nos organizemos, a realidade é sempre maior que a gente pois somos parte de um jogo maior e precisamos dividir um pouco a responsabilidade do jogo da vida com todo mundo.

Avaliar tem a dimensão de avaliar o todo e a parte do todo que está na nossa mão.



Ricardo Spindola

Fala sobre a opção da Rede no campo da educação é o que mais difícil tem a se fazer.Trabalhar com educação popular, em sua concepção, é muito mais exigente do que alimenta a concepção por exemplo, da educação formal. “Educação popular não se faz de qualquer maneira, muito pelo contrário.” Respeitar o outro, respeitar a trajetória do outro, acompanhar, fazer o link entre educação e política... isso é delicadíssimo de fazer.

Graças a esta 'onda' de tecnicismo, a gente vem se especializando em formatar projeto. Isso vem tirando a razão do projeto. Prestar contas, por exemplo, tem que ser sobre 'o quanto daquele sonho, o sonho sobre o qual o projeto deve ser escrito, foi alcançado?'

“O único jeito de não conviver com contradição é não fazer nada.” O problema desta opção, é que a gente do campo da educação popular não está aqui para assistir o jogo, estamos aqui pra jogar... E não tem como jogar sem tomar uma canelada, dar um passe errado... dá caibra também, cansa, mas é o jeito de se por a jogar.

Pensando em como fazer a avaliação: Fazer uma foto só do momento, não dá conta. Então uma boa prática, como diz Dom Helder, é 'levantar o candieiro para dar uma geral', depois ir com uma lupa e analisar algo que te chamou a atenção quando você 'levantou o candieiro'.

Pensar também: Como a rede se renova para ser ela mesma? No que a rede tem que se renovar para ser ela mesma?

Olhar para o cotidiano é a questão central” “É naquilo que faço quase sem pensar, é alí onde a coisa acontece e é alí onde a coisa trava.” A estrada é a grande escola da gente. A gente pode aprender com a estrada e pode não aprender com a estrada. Eu posso ter muito tempo de carreira e nenhuma experiência.


Trabalho em 2 dos 5 grupos divididos por regiões

Após esta fala, os grupos se dividiram em regiões para fazer a avaliação de suas atividades em 2012 e para pensar perspectivas para 2013.

Na volta, cada região + a Coordenação Nacional apresentou a síntese das suas discussões - que seriam discutidas/problematizadas no dia seguinte. Mais tarde, as 20h30, Geo Britto, do Centro do Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, fez uma oficina com os/as educadores/as e despertou com ela, o que motivou a discussão sobre diversos aspectos sobre nossa forma de nos expressar, sentir e, sobre nossas percepções sobre a Rede.

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Algumas das fotos da oficina. Neste momento, teatro imagem.