Postagens populares

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Carta Recid MS

Campo Grande/MS, 05 de dezembro de 2013.

“A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.”
(Manoel de Barros)

...E renovar usando borboletas, para nós, educadores/as da Recid MS, é nos lançarmos à novos vôos, às vezes duradouros e intensos, outros rasantes, leves e calmos, como a brisa do cerrado na tentativa de sempre compor o amanhecer. Ao caminhar para o fechamento de um ciclo, nos colocamos a olhar para onde nossas pegadas seguem, como elas são e com quem caminhou até aqui.

Desde a última reflexão feita, percebemos alguns avanços e ainda muitas limitações em relação a sustentabilidade da Recid como um todo. No primeiro semestre, relatamos na carta anterior, que de forma geral conseguimos manter em exercício algumas atividades, porém pontuamos que apesar de várias tentativas, não alcançamos formas de manter a sustentabilidade da Recid MS. Em, seguida, já numa impressão de possíveis más notícias, tivemos a circular nº 06 que confirmou as impressões e ressaltou as preocupações.

Neste período, de aproximadamente 2 meses, setembro e outubro, após uma série de avaliações das possibilidades de efetivar parte do planejamento de 2013, encaminhamos suspender as atividades que necessitassem de recursos, como oficinas, encontros intermunicipais e reuniões ampliadas. Potencializamos nesse tempo, as participações nas conferências, seminários, atos e manifestos, assim como nas parcerias com ações que necessitam um olhar mais metodológico para as atividades.

Momentos como esse são ímpares para reflexão dos anos de caminhada, estabelecer o tema da crise financeira é um dilema para qualquer organização. Contudo, ao refletir, chegamos ao indicativo que não estávamos na crise, mas sim, vivenciando alguns dos sintomas da ausência de estrutura para planejamentos futuros enraizados em recursos financeiros de um projeto. A RECID enquanto organização que caminha com o objetivo do projeto popular levantou no ponto mais alto do seu mastro a bandeira da educação popular enquanto mais uma metodologia que organiza nossa prática-reflexão da mudança da realidade, esta, que ainda esta cruel para uma mais fraterna.

Diante desse contexto, a crítica a uma “RECID” que lembra a “projeto governamental” deve ser realizada a todo momento, não por causa do financiamento, ou mesmo do governo, mas sim por causa do que deixa de ser realizado por esta forma de pensamento já engendrada em muitas pessoas. Uma rede de educação popular, com mãos entrelaçadas pelos movimentos sociais, com trocas de conhecimento e partilha incentivada pela solidariedade na luta, não para, não retrocede e nem irá falar em “fim”. Essa organicidade proposta a tod@s pela RECID nos seus encontros, formações, oficinas não teria outra finalidade a não ser estar pronto também para esses momentos, e do que estamos falando?

Mais uma vez, não estamos falando de crise financeira, mas da criação e entendimento de como realmente devemos avançar na luta por meio da educação popular. A diferença talvez se exponha nesse momento, existem vários movimentos, com várias frentes de luta, e a rede também tem a sua, os seus princípios estão no PPP, e as suas formas de atuação estão nas práticas nos estados. Cotidianamente enfrentamos desafios que os movimentos sociais enfrentam, contudo, sem a cumplicidade de ser rede e ser movimento estaríamos voltando a ser “projeto” apenas, ao invés de estarmos lutando estrategicamente por um projeto popular, que em cada cultura possui uma forma, porém, sempre unificada contra a injustiça.

As fragilidades de nossa rede são várias, mesmo assim, estamos contentes, os nossos pontos fortes, as nossas lutas, e várias de nossas práticas são consideradas por muitos e por nós mesmos como boas e firmes. Se a nossa gestão compartilhada peca, então entendemos que somos humanos e que superar esse desafio é nosso comprometimento, experiências com mudanças de velhos hábitos tem garantido o avanço de ações. Simples modificações no cotidiano são capazes de deixar-nos mais felizes, pena que algumas pessoas ainda não notam.

Analisamos que de fevereiro à novembro, com exceção as ações de formação que realizamos e que foram pontuadas na carta anterior e nesta, passamos o ano reformulando nosso planejamento inicial, e agora com tudo voltando ao normal, o desafio de aprender com esse último momento se torna imprescindível, a retomada de nosso objetivo enquanto rede de educação popular é o rasante da vez.

Resistência...

O povo indígena no MS, tem passado por um processo de pressão por parte do Estado e muitas vezes trazendo a sensação de medo, e mesmo diante deste sentimento, são persistentes na busca dos direitos que compõe a Constituição Brasileira de 1988. Enquanto povo indígena, iniciamos diálogos com movimentos sociais no sentido de apoio as aldeias indígenas que necessitam mobilização para dar continuidade ao processo de formação. Iniciamos uma série de ações em áreas de retomada, como nas aldeias: Esperança na terra indígena Taunay/Ipegue localizada no município de Aquidauana, e outras áreas em Dois Irmãos do Buriti, Miranda e Dourados, objetivando “I Encontro das Mulheres Terena de MS” que acontecerá nos dia 18 e 19 de dezembro de 2013.

Em novembro, nossa participação se deu na “Hanaiti ho’únevo têrenoe (Grande Assembléia do Povo Terena) na aldeia Brejão, em Nioaque, contribuindo na mobilização das lideranças indígenas e no debate. Estivemos ainda na II Conferência Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul e também na etapa Distrital da 5ª Conferência Nacional de Saúde indígena ocorrido no mês de outubro em Campo Grande.

Caminhada do Fórum de Juventudes Campo Grande/MS – FJCG

As pautas das juventudes vem sendo debatidas há alguns anos, em conferências, seminários, planos, conselhos, redes, coletivos, grêmios, etc., sendo assim várias mobilizações aconteceram para formular e construir políticas públicas efetivas.

Ser jovem ainda não é nada fácil, jovem consciente e que exerce o seu papel na sociedade, mais ainda. Os direitos conquistados pelos nossos pais e avós no passado já não nos contemplam, queremos mais, muito mais. Queremos conquistar novos direitos, como o direito a mobilidade na cidade, direito ao território, a comunicação, educação de qualidade, saúde integral, acesso a cultura, esporte, lazer e tempo livre.

Os protestos, manifestações de junho, julho – O inverno quente de 2013 mostrou que os/as jovens não organizados em nenhum tipo de movimento social também estão atent@s e ativ@s, querendo um mundo melhor e encontrou nas ruas e redes sociais, uma opção para expressar sua indignação com a situação política, econômica e social do nosso país e cidade.

Os/as jovens organizad@s nos mais diversos movimentos sociais nunca deixaram as ruas do Brasil na certeza de que grandes mudanças só acontecem quando o povo se organiza, quando há união e bandeiras em comum. Refletindo sobre as jornadas de junho, as organizações de juventude de Campo Grande perceberam que não era mais possível que cada grupo caminhasse sozinho. Fomentado pela Rede de Educação Cidadã/MS, as organizações de juventude formais e informais de diversos segmentos, resolveram caminhar em conjunto, desde então nasceu o Fórum de Juventude, criado no dia 28 de setembro em um bonito encontro na sede da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul.

Ainda existem muitas dúvidas de como se organizar, mas a plena certeza de que era possível construir metas em comum. Nos reunimos com o prefeito da capital, Alcides Bernal, com a Secretaria Nacional de Juventude do Governo Federal, Severine Macedo, participamos da Frente Popular em Defesa da Democracia, participamos de debates em Audiências Públicas em Campo Grande e nos municípios de Anastácio, Dourados e Ribas do Rio Pardo, pautamos as políticas de juventude em vários espaços. Essas atividades ocorreram paralalemante a construção de nossa Carta de Princípios, Regimento Interno e a própria organização da nossa primeira Assembleia Geral. 

Ainda há muito pela frente. Nessa bonita ciranda chamada Fórum de Juventude, em que participam jovens de movimentos sociais, sindicatos, Ong’s, igrejas, associações, dos mais diversos tipos de organizações juvenis que sonham e trabalham por um mundo melhor utópico e possível com a unidade de nossas lutas.

Coletivo Recid MS 



















Nenhum comentário:

Postar um comentário