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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Quixote

Chega a Campo Grande o espetáculo “Quixote”, com Alexandre Roit e Rodrigo Matheus, do Circo Mínimo, de São Paulo, com duas apresentações, nos dias 12 de junho, às 20h na Feira Livre Central e 13 de junho, às 16h, na Praça Ary Coelho. A montagem foi contemplada com o Prêmio Myriam Muniz 2012 da FUNARTE, Ministério da Cultura, para circulação em algumas das principais capitais das Regiões Centro-oeste, Nordeste e Norte do país.

O clássico em diálogo com o contemporâneo 

“Quixote” é uma atualização dos textos originais de Cervantes para um contexto urbano e teatral, com elementos da cultura popular, técnicas circenses como malabares, acrobacia e os palhaços com suas rotinas cômicas inseridas no contexto dos personagens do clássico da literatura mundial. As mesmas palavras, tais como foram escritas há 400 anos atrás, ganham uma dimensão contemporânea, tornando-se acessíveis sem perder sua poesia.

Na encenação de autoria e direção de Alexandre Roit, a história de Dom Quixote de La Mancha, o famoso cavaleiro andante e seu fiel escudeiro Sancho Pança, ganha versão para rua, reduz a complexa estrutura original para apenas dois personagens: um gari e um morador de rua. “Ao empregar as figuras de um gari e de um morador de rua como os intérpretes da fábula renascentista esta versão se reveste de contemporaneidade, produz empatia junto ao público e estabelece um diálogo criativo cheio de ressonâncias”, declara o Professor Doutor em Teatro Edélcio Mostaço, crítico do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Entre os objetos de cena destaca-se um tambor de lixo que, fazendo às vezes dos baús de bugigangas, reúne os demais apetrechos manipulados ao longo da montagem. Tudo simples, engraçado, na aventura do herói em luta contra os perigos, e antes de mais nada, com uma alta empatia, arrancando gargalhadas gerais do público. 

Dois atores em estado de graça.

Alexandre Roit e Rodrigo Matheus são Quixote e Sancho Pança. Em cena, o texto é enunciado com uma clareza poucas vezes encontrada em espetáculos de rua, sem o uso de microfones: vozes para serem ouvidas e compreendidas pelos que os rodeiam e que com eles participam do jogo cênico. E que jogo, e não só de palavras, mas de gestos, de ações. Virtuosismos. Este “Quixote” tem uma trama essencializada ao máximo: numa praça encontram-se dois homens, um gari e um morador de rua, Sancho Pança e Quixote, que encontram uma cumplicidade entre o delírio e a lucidez da própria condição humana, da luta entre o ser e a aparência, ente o ideal e o real. Quixote, o personagem, faz Sancho reencontrar na ilusão da ficção que lhe propõe entrar, uma talvez saída para o lixo de sua vida miserável de limpador de ruas. Os personagens não apenas traduzem uma certa loucura dos moradores de rua, loucura metaforizada em Quixote, mas, sobretudo problematizam aquilo que se convenciona chamar de realidade e ficção. E o “louco manso” Quixote, para investir Sancho Pança como seu fiel escudeiro, duela com malabares, com palavras adivinhatórias, para enfim saírem de cena, Cavaleiro e Escudeiro fiel a buscarem mais justiça, mais respeito entre todos.

Segundo a crítica de Antonio Cadengu, Diretor teatral, Mestre e Doutor em Teatro, na Universidade Federal de Recife, o espetáculo : “A platéia entregue ao deleite da cena se contagia pela ficção, pelo teatro e se pega o gosto por isto, repensará a arte que se produz para ela, repensará sua própria condição humana. Presente de Alexandre Roit e Rodrigo Matheus aos passantes da rua, aos que crêem na vida e ainda assim, no teatro.”

O Circo Mínimo, é uma das Companhias pioneiras no país na mistura da linguagem circense com a linguagem do teatro e que em 2013 completa 25 anos. “Quixote” foi bastante elogiado quando da passagem pelos Festivais argentinos de Salta, Rosário, Córdoba, Oliva e Corrientes (onde foi apresentado na língua espanhola) assim como no Circuito Cultural Paulista e no Festival Internacional de São José do Rio Preto. O espetáculo em Campo Grande tem a produção local do Pontão de Cultura Guaikuru.

Histórico do Espetáculo

“Quixote” foi criado para o SESC SP, em 2005, para o projeto itinerante “Mostra de Arte Sesc 2005 – Mediterrâneo” e foi representado em 75 cidades do interior do Estado de São Paulo, nas mais diversas condições e para os mais variados públicos. Em Outubro de 2006, Quixote ganha uma versão em castelhano, que passa por 4 festivais internacionais na Argentina, dentro da programação do INT Presenta, nas cidades de Córdoba, Salta, Corrientes e Rosário. O ano se encerra com apresentação na Mostra Rio -São Paulo de Teatro de Rua, em Paraty - RJ.

Desde então, Quixote vem sendo apresentado em diversos festivais e praças pelo país, como o Teatro nos Parques, em São Paulo, o Circuito Cultural, em 2011 e 2012, Faculdade Zumbi dos Palmares, Festival de Inverno de Campos do Jordão, SESCs do Estado de São Paulo, Festival de Circo de Campo Mourão, Anjos do Picadeiro no Rio de Janeiro, Festival Latino Americano de Teatro – Ruínas Circulares, em Uberlândia, Filte Bahia - Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, Mostra de Repertório do Circo Mínimo Proac ICMS e diversos outros.

FICHA TÉCNICA
Texto Alexandre Roit
Gênero Comédia
Classificação etária livre
Direção Alexandre Roit
Elenco Rodrigo Matheus e Alexandre Roit
Adereços e Figurinos Luciana Bueno
Fotografia Tainá Azeredo, Ricardo Boni e Mauro Xavier
Duração 50 minutos
Produção e administração Circo Mínimo
Realização Alexandre Roit e Rodrigo Matheus

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